Dia Internacional da Mulher

O repórter entrevistava o homem que foi preso porque em uma briga bateu na mulher. A voz soluçava. Arrependido, ele tentava justificar:

- “ Sei que estou errado. Fui preso e vou pagar pelo que fiz. Mas é preciso corrigir a grande injustiça que estão fazendo com os homens. Tem esta tal de “Maria da Penha” e a gente não pode fazer mais nada porque a mulher vai correndo denunciar. E tem muito homem, dentro de casa, sofrendo com traição e porque também apanha da mulher. Fala aí pros doutores que é preciso fazer a lei “Zé Chico” para proteger os homens”.

Ri da situação. E neste mês quando temos uma data para homenagear as mulheres fiquei pensando que determinadas ações mais discriminam do que contribuem para a igualdade.

O real objetivo do Dia Internacional das Mulheres – um protesto contra a opressão feminina – há muito se perdeu no meio de caixas de chocolate, flores vermelhas e mensagens que reforçam clichês.

Somos consideradas guerreiras porque geramos um filho (deixando de lado aquelas que não puderam ou fizeram uma opção por não ter filhos). A aparência e a beleza física são sempre citadas como um atributo e por isto temos a obrigação de estarmos sempre belas. Alimentar a vaidade é nossa ambição máxima e um lindo vestido seria capaz de nos fazer esquecer os nossos direitos básicos.

Estas homenagens, todas sempre gentis, não podem nos fazer esquecer que esta gentileza deve acontecer durante todo o ano, para todas as pessoas, de qualquer raça, credo ou gênero.

Sei que ele não vai ler, mas mando um recado ao Zé Chico: já existe o Dia Internacional do Homem, celebrado em 19 de Novembro. As comemorações foram iniciadas em 1999 pelo Dr. Jerome Teelucksingh em Trinidad e Tobago. 

A celebração desta data não deve ser interessante para o comércio porque ela não “pegou”.