Esta foto correu o mundo. Mostra uma criança síria, de 4 anos, que ao ver a máquina fotográfica a confundiu com o cano de uma arma e fez o gesto que significa rendição.
A foto foi feita pelo turco Osman Sağırlı, em um campo de refugiados. A menina chama-se Hudea.
Ela deveria carregar nas mãos um brinquedo. Um sorriso nos lábios. Uma esperança no olhar.
Mas o seu rosto reflete todo o sofrimento de um povo.
Mais do que um adulto, são as crianças, em sua inocência, que nos mostram como nos tornamos desumanos.
Onde foi que deixamos os sentimentos de gratidão, piedade, generosidade, amor ao próximo, ética, afetividade, compaixão, conciliação, desapego, respeito, dignidade, encantamento, esperança, espiritualidade, ternura?
Deveríamos ter aprendido que toda escolha tem a sua consequência e o que nos resta hoje é uma imensa dor.
Por isto devemos chorar por Hudea e por tantas outras crianças que não estão recebendo a merenda escolar porque o dinheiro foi desviado.
Chorar pelos pacientes que buscam os serviços de saúde e não encontram conforto e atendimento adequado.
Chorar pelos que promovem guerras em nome de uma religião.
Chorar pelos “líderes políticos” que mesmo atolados em um lamaçal conclamam os seus companheiros a levantar a cabeça e seguir em frente.
Chorar pelos que perderam os seus empregos porque as grandes empresas estão demitindo por causa do efeito “cascata” provocado pela corrupção.
Hoje, Hudea, eu queria – assim como milhões de pessoas por todo o mundo – abraçar você. Alimentá-la – com amor e alimento. Agasalhar o seu coração e o seu corpo pequenino. E principalmente, eu queria tirar este medo do seu olhar.
Não posso. Você não está ao alcance dos meus braços. Mas rezo por você e pela humanidade, pedindo que os homens de boa vontade consigam reverter esta trajetória de decadência da espécie humana.
E peço que Nossa Mãe Maria a proteja com o seu manto sagrado.