terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pombo correio

Quando eu fui trabalhar, pela primeira vez, morei em uma cidade que ficava há 600 km da casa dos meus pais. Nesta mesma época, os outros filhos também moravam em cidades diferentes.

Era um tempo sem DDD e uma ligação interurbana dependia do auxílio de uma telefonista. Sem internet, Facebook, WhatsApp, Instagram e outra facilidades de comunicação que usamos diariamente e quem já nasceu nestes tempos não consegue imaginar como seria viver sem eles.

Apesar da dificuldade para se conseguir uma ligação minha mãe sempre ligava e um dia o meu pai resolveu questionar o custo da conta de telefone. Ela prontamente respondeu: “De hoje em diante esta conta será paga com o dinheiro do meu trabalho. E eu vou vender notícias para você. Assim, quando eu falar com meus filhos, vou oferecer para você uma notícia que vale $ xxxx. Vai comprar?” Ele nunca mais reclamou, ela nunca pagou uma conta.

Ela escrevia muito. Tinha uma linda letra e muitas notícias para dar. Para facilitar o seu trabalho, usava carbono para fazer cópias. Assim, nós todas recebíamos as mesmas notícias.

Tudo isto veio à lembrança porque eu voltei a escrever cartas. 


Meus “netos” não falam português e eu não sei falar inglês e por este motivo a comunicação fica difícil. Impossível mesmo. Então resolvi escrever e levo para o meu professor de inglês corrigir. Estou virando uma colecionadora de papeis de carta e adesivos para decorar. Envelopes coloridos enchem as minhas gavetas. Tem sempre uma flor seca e um cheirinho para perfumar. Um laço de fita para enfeitar. E elas seguem carregadinhas de amor.

Minha mãe guardou por 65 anos cartas que enviou e recebeu do meu pai, assim como eu tenho as que escrevi e recebi do meu marido.

É bom pensar como vou guardar as minhas cartas de amor.






Eu vi aqui, aqui, aqui, aqui e aqui

Eu também moro no Facebook. Chega lá.

Atualizando: encontrei esta charge e acho que ela tem a cara do texto.

6 comentários:

chica disse...

Que lindo isso e as cartas devem ser guardadas mesmo!!! bjs praianos,chica

Jussara Neves Rezende disse...

Que texto lindo, Beatriz! Claro que não vivemos mais sem as facilidades da comunicação instantânea, mas que lindeza que era ter aquela letra amada para ler e reler, e colocar sob o travesseiro, não é mesmo?
Adorei a resposta de sua mãe! Sempre admiro pessoas com presença de espírito, que têm respostas bacanas sem precisar pensar uma semana, como é o meu caso.. rs
Abraço!

Pandora disse...

Eu escrevo cartas até hoje para minhas amigas.... Tem coisas que não da para contar em salas de bate-papo virtuais, precisamos do papel e da caneta... Simples assim... E sim, é muito gratificante receber algo do correio que não seja contas ou encomendas... Um cartão postal, uma carta simples, um presente, um abraço... É uma pena que esse habito esteja tão perdido para muitos de nós... A virtualidade trás possibilidade que os correios não trazem, é fato, mas o reverso da moeda também é verdade: os correios são capazes de trazer coisas que a virtualidade também não consegue copiar.

Cheros Beatriz... Que bom que você encontrou um caminho para se comunicar com os seus entes queridos... um caminho tão enternecedor.

Ana Paula disse...

Que maravilha ter tantas cartas guardadas e agora escrever as tuas para os netos.
Encantei-me! Bj

Rovênia disse...

Que post mais sensível! Adorei a sua ideia de escrever para os netinhos e as sugestões de guardar as cartinhas! Emocionada do lado de cá! :)

simplesmentefascinante disse...

Bom dia, Beatriz,
Também gostava da época em que os carteiros entregavam cartas,cartões de Natal,também guardo todas que recebi.
História bonita de se ler e guardar.Sua mãe deve ter sido uma mulher maravilhosa.
Pra você ver que o amor remove montanhas não é mesmo? Faz a gente fazer coisas que às vezes nem tem vontade.
Adorei as imagens e a charge.
bjão e um dia abençoado escrevendo cartas para os "netos" distantes.
Mari