terça-feira, 20 de maio de 2014

Férias frustadas

Existe uma expressão muito utilizada pelas mulheres “eu bem que avisei...” Não sei se é o famoso sexto sentido ou pura maldade. Sei lá. Mas nós mulheres já sabemos quando alguma coisa vai dar errado.

Saímos de férias, marido e eu, e somente tínhamos planejado os primeiros dias, a certeza da data de retorno e um só desejo – sossego.

A primeira etapa saiu como planejado. Fomos para Tiradentes (amo de paixão) e a oportunidade de participar da Semana Santa de São João del-Rei que mantém características únicas nas celebrações da data.






A cidade é conhecida pela conservação das antigas características barrocas, pelo latim considerado língua morta que é utilizada nos Motetos, nas Matinas e Laudes, tocadas e cantadas na Catedral do Pilar, pelos tapetes de serragem nas ruas, pelas procissões ao som das orquestras Ribeiro Bastos e Lira Sanjoanense e principalmente pelo soar dos sinos. São tradições seculares mantidas pelos seus moradores.

Os sinos das igrejas de São João merecem ser citados. Conhecida como " a cidade onde os sinos falam" todas as suas igrejas tem sinos pequenos, médios e grandes, de sons variados, e que tem até nome: sino Daniel, sino João Evangelista e assim por diante. Seus toques são simples, duplos e repiques, fúnebres ou festivos, todos com sua "linguagem" própria, cujo significado é facilmente entendido pelos sanjoanenses.


Maravilhoso conhecer as pequenas capelas dos passos da Paixão de Cristo que somente são abertas durante a Quaresma e a Semana Santa. Em procissão, os fiéis param diante delas, rezam e entoam preces, percorrendo a cidade em piedosa via-sacra. São os chamados “Passinhos da Paixão”, eles se destacam entre casarões e sobrados, na paisagem arquitetônica de largos e ruas bicentenárias. Vistos de fora, os passinhos são oratórios de pedra e uma vez abertos são nichos dourados, de delicado entalhe que lembram rendas e bordados.

Tiradentes foi uma grata descoberta. Apesar de ser mineira, de sempre ter morado nestas Minas Gerais, somente no ano passado eu conheci esta cidade e a descoberta de uma paixão à primeira vista. Esta é a terceira vez que retorno em menos de 1 ano e pretendo voltar mais e mais. Seu casario e os telhados coloniais, o artesanato e a arte, sua gentileza e sua calma sempre me seduzem e deixam um convite para uma nova visita.

É o espírito de Minas Gerais que descobrimos das sacadas de seus sobrados, no bater das solas dos sapatos nos calçamentos de suas ruas, na paz de suas igrejas, nas noites frias ao redor de uma mesa ou contemplando a moldura verde da Serra de São José.

Mas lembra do “eu bem que avisei...”? Marido desejava que estas férias fossem um tempo de relaxamento, viajando de carro e parando quando e onde quiser. Ainda lembranças de um tempo “Sem destino”, imortalizado em filme com Peter Fonda. Argumentei que nossas estradas são ruins, não temos estrutura de apoio ao longo do caminho, o trânsito é terrível e isto que fazíamos há muitos anos atrás não era mais possível porque o país piorou em muitos aspectos. E nós ficamos mais velhos.

Queríamos visitar Campos do Jordão e a descrição feita pelo Guia 4 Rodas tirou esta cidade do nosso roteiro. O que iríamos encontrar?

Lojas, bares e restaurantes: Tiradentes nos dá tudo isto e as experiências gourmet da cidade ficam para sempre registradas no paladar e nas dobrinhas da cintura.

Lugar onde desfila uma legião de visitantes com suas botas e casacos: eu sequer uso botas.

Atrações sugeridas pelo guia? Cavalgada, tirolesa, arvorismo, caminhadas por trilhas e escalada. Passei da idade e o salto alto não permite estas estripulias.

Peço desculpas à cidade, mas este passeio deveria ter sido programado por mim há 40 anos atrás.

E o que fazer? Uma olhada no mapa e decidimos ir á Uberlândia. Negócios, rever amigos e um trecho de aproximadamente 700 km, onde é impossível encontrar um lugar agradável para comer. Banheiros limpos? Nem pensar.

Chegamos cansados e com vários sintomas de doenças. Marido com “gota” e uma alergia ao ar condicionado do hotel. Uma crise de bronquite já dava os primeiros sinais.

Fizemos o essencial e o que não podia ser mais adiado e voltamos para casa. Existe lugar melhor para ficar??

5 comentários:

Tina Bau Couto disse...

Adorei as fotos e histórias da parte boa da viagem.
A parte aventureira bem tem essas coisas, pode dar super certo e super errado, mas seu senso de humor e sensação boa de voltar para casa dão conta de fazer virar história para contar e quem sabe um dia rir e extrair curtidinhas das beiradas.
Se cuidem!

chica disse...

Que pena que tenha terminado assim. Em Tiradentes quanto de bonito viram,não? Adoro sinos tocando...

Esse final é que não estava no script. mas acontece!! O sossego veio, mas em casa... beijos,fiquem bem!chica

Alicia disse...

PRECIOSAS FOTOS!!!
QUE TRABAJOS..
SALUDITOS

Arte da Leila disse...

tbm fiz essa viagem na semana santa. Tiradentes, sao joao, sao lourenço e campos do jordao. Campos é absolutamente desnecessario no roteiro!!! o restante foi ótimo!!!

Lécia de Freitas disse...

Minha amiga, infelizmente, hoje quase tudo que a gente pensa fazer em passeios e viagens, outras centenas de pessoas pensam junto. E aí é esse caos. É uma pena, pois Tiradentes e outras cidades mineiras devem ser vistas com tempo e sossego, para podermos apreciar com gosto, não é verdade?
Mas que bom que voltaram e descansaram! Estejam todos bem.
Abraços,
Lécia Freitas