segunda-feira, 16 de abril de 2012

A casa materna

Gosto de organização. Acho mesmo que uma bolsa ou uma casa - organizada ou na maior bagunça - reflete o estado de espírito da gente. Há um ano, desde que o meu pai se foi (e nossa vida virou do avesso....) a casa da minha mãe andava precisando de um olhar distante. Para doar, mudar, reformar e dar vida aos objetos e espaços.

Assim, vou abrindo gavetas, rasgando papeis e encontrando tesouros. Como estes bordados do seu enxoval. Peças únicas, arabescos florais desenhando sonhos em crivo. Tecidos de linho transformados em arte com o ponto de cruz.






Agora, alguém sabe dizer o que vai à cabeça das mulheres que bordavam assim? Posso garantir que não tinham TPM, nunca uma DR com marido, nem b... de menino para limpar!!!


Pesquisei na internet e vi que muitas ainda fazem trabalhos em crivo - mas somente em barras de toalhas ou em pequenas áreas. Nunca uma toalha inteira... Ponto de cruz? Temos hoje a etamine e não se vê mais em linho, como estas toalhas. São cada vez mais raros e caros.

5 comentários:

Lucia Luz disse...

Que coisa maravilhosa. Um tesouro.
É verdade!
E a nossa Brasperola agora só vende para o mercado externo. Uma dó.
Beijinhos

Lucia

Tina Bau Couto disse...

Lindezas sem adjetivos a altura.
Tb não sei o que tinham na cabeça, como viviam, o que tomavam...rsrs
Bjos pra vc e pra mãe-rainha!

simplesmentefascinante disse...

Bom dia Beatriz,
Com certeza são verdadeiros tesouros,aliás maravilhosos.
Não sei te responder o que ia à cabeça dessas mulheres, só que sei que tinham mãos de fada.
Que nossa terça seja cheia de lindos tesouros.
bjão
mari

Leninha Brandão disse...

Minha querida Beatriz,

Muito lindas as peças do enxoval de sua mãe.Antigamente os enxovais tinham esta beleza,muitas vezes as meninas começavam a bordá-los ainda no colégio e lá aprendiam todos estes segredos.Eu,infelizmente era rebelde naquela época e só consegui fazer um avental(assim mesmo,pela metade).Mas minhas colegas executaram verdadeiras obras primas.

Minha mãe fazia crivo muito bem e tenho até hoje uma toalha e duas fronhas por ela bordadas.Estão velhinhas,mas guardo com o maior carinho.

Bjsssssss,
Leninha

mollymell disse...

Querida amiga, seu comentário hoje teve um sabor de carinho, um sabor especial. Muito obrigada!

Minha mãe tem 87 anos, viveu uma vida completamente diferente da minha. Como eu posso querer entendê-la? Eu não posso, só posso aceitá-la como ela é ser agradecida pela Vida que ela me deu.
O mundo que ela cresceu e viveu quando jovem e mulher adulta é completamente diferente do meu. Aprendi a admirar as diferenças e ser grata pela chance que ela me deu de ter uma vida melhor como mulher.
São dois mundos em um mundo só, o mundo de nossas mães e o nosso mundo. Perdemos muitos quando conquistamos mais liberdades do que elas, como por exemplo, o tempo para criar essas peças de pura arte. Hoje em dia eu gostaria de ter esse tempo para simplesmente ser, sem ter que me preocupar com as contas a serem pagas, e outras coisinhas idiotas que tentam tirar o divino, o sublime de minha Vida.

ps.: falei muita bobagem? Me desculpe, deve ser o vinho que estou tomando :)