terça-feira, 18 de junho de 2013

Registros de uma crise


Nesta segunda-feira, às 9 horas, o telefone toca. Do outro lado, uma voz , no meio a muito barulho, dizia: não vou conseguir chegar porque estou presa em uma manifestação e o ônibus não sai do lugar.

Hoje, ela chegou. Nas mãos a conta de telefone vencida que pretendia pagar com o que receberia ontem. E, indignada, reclamava: "não cheguei ao meu trabalho, não recebi um dia de serviço e não devolveram o valor da passagem que paguei e não pude utilizar. Se o preço das passagens é o motivo dos protestos porque não fecham as portas das garagens dos ônibus? Voltei para casa à pé, com fome, raiva e vontade de ir ao banheiro!!!"

O Facebook entrega um convite: uma manifestação será promovida na pequena cidade do interior, onde não tem serviço de transporte público porque as distâncias são vencidas pelos sapatos ou pela bicicleta. Podemos marca-las com cuspe.

Dois exemplos reais, próximos a mim, de pessoas perdidas em um movimento que não conseguiram entender. E eu também não entendo.

Eu aprendi que para mudar a vida é preciso levantar porque não existe um controle remoto capaz de promover estas mudanças.

O povo levantou e saiu às ruas, mas confesso que eu estou perplexa com este movimento. Procuro explicações, informações sobre o que está acontecendo e não consigo chegar a uma conclusão porque parece haver um descontentamento geral, mas qual o objetivo? Como resultado, surge apenas um clima generalizado de insatisfação política, raivoso, intenso, insolúvel e incontrolável.

Neste vazio de motivação cabe tudo e aí mora o perigo porque criaram um problema impossível de resolver. Não existe uma solução possível se não consigo definir o meu problema, se não existe uma causa específica a defender.

Precisamos de mudanças profundas e verdadeiras e não é com atos de vandalismos (aí incluindo manifestantes e policiais) que vamos abrir os nossos olhos, acordar, entender para onde devemos caminhar e qual o nosso propósito. Precisamos de mudanças, mas estar contra tudo não é uma ideologia e não define os meus objetivos.

2014 está chegando. Os que estão no poder foram eleitos com o voto desta maioria que está na rua. Qual caminho vamos trilhar? Qual bandeira vamos erguer?

Notas da redação: 
- espero que amanhã esta blogueira consiga encontrar o caminho de volta porque estas páginas não foram feitas para questionamentos políticos!!!!

- AQUI e AQUI você encontra gente mais lúcida do que esta blogueira e vale a pena ler. 

4 comentários:

chica disse...

Tem muita gente que não conseguiu chegar em casa na hora, nos compromissos. Outras tiveram suas janelas quebradas, lixeiras queimadas, tantas coisas mais! Dos dois lados, como falas, deve havero respeito. Deve haver paz nos movimentos, que podem ser cheios de gritos, pedidos, mas sem machucados ou estragos! beijos,chica

Renata Benetti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tina Bau Couto disse...

Com a licença da palavra, eu penso assim: não há como haver mudanças e melhorias para conta de luz ficar mais barata, para não haver tanto desperdício de água, transportes ruins fisicamente e em quantidade. Trânsito organizado e fluindo em dias sem manifestações. Gasto de dinheiro público em superfaturamentos e materias ruins que vão fazer td desmoronar em pouco tempo, e prédios históricos se desmantelando po tda parte, falta de escolas e hospitais descentes, discurso de falta de recurso para um monte de coisas e recursos e parcerias saindo de tdo canto para estádios.
A diversão do povo ir ao estádio, a um preço acessível e levar pipoca e sanduíche de casa, se transformou em programa de rico. Levar bandeira não pode, pandeiro não pode, radinho não pode e pode policial sair metendo bala de borracha pra todo lado.
Ainda que hajam baderneiros pelas ruas destruindo ainda mais tudo, há e há que se dar valor a quem está levantando a bunda de seu lugar acomodado e seguro e indo pedir mudanças pacificamente, chamando atenção quando as câmeras do mundo estão voltadas para o Brasil, usando um grande evento para mostrar nossas grandes mazelas.
Carnaval e samba não é o que somos, a violência esta assolando os interiores e escancarada nas grandes cidades, isolados, o craque está dominando uma geração que prefiro ver nas ruas protestando e encarar engarrafamentos a ver morrendo e se alienando, fazendo de conta que está tudo bem, que vivemos num pais lindo e maravilhoso, onde Neymar é lindo e Feliciano representante dos direitos humanos.

Rovênia disse...

Beatriz que pensa! A reação é necessária, mas precisamos de mais do que isso. Talvez seja exigir demais! Enfim, vamos aguardar a história que segue. Obrigada pela indicação de leitura. Vou lá ler a Ana Paula! :)